Se você acompanhou o post sobre a trava de baixa com call, viu que eu fiquei de mostrar como melhorar a relação risco retorno daquela operação. E isso acontece de uma forma bem simples: fazendo uma operação, no mesmo ativo, porém na ponta inversa, ou seja, utilizando puts. Mas antes de entrar nesse assunto, vamos entrar no operacional da trava de alta com put.
A trava de alta é uma operação com opções que nos permite lucrar com a alta ou até mesmo uma queda moderada de uma determinada ação. O melhor: você não precisa nem ter a ação!
Principal vantagem: você sabe o lucro máximo e prejuízo máximo no momento em que monta a operação. Não se trata de uma venda descoberta, pois você usará uma trava para limitar o risco dessa operação.
Vamos ao operacional.
Operacional
Vender uma put OTM em um strike X e comprar uma put OTM do mesmo papel subjacente e mesmo vencimento em um strike X – 1, ou sejam ainda mais OTM.
Exemplo:

No momento da montagem da operação acima, recebemos no ato R$ 1.400,00.
Estamos vendidos em 10.000 puts PETRV163. Desta forma, somos obrigados, no vencimento, a comprar PETR4 a R$ 19,78. Ou seja, da data desta simulação (14/09/2020) até 19/10/2020 – 24 dias úteis, a PETR4 precisa cair mais que 8,6%, que é a distância entre a cotação e strike.
Ainda seguindo a simulação, estamos comprados em 10.000 puts PETRV164. Desta forma, temos o direito de, no vencimento, vender PETR4 a R$18,78. Percebeu porque travamos a operação?
A diferença entre os strikes é de R$ 1,00, ou seja, um prejuízo máximo de R$ 1,00 por cada put vendida.
Se no dia do vencimento PETR4 estiver cotada acima de R$ 19,78, que é o strike no qual estamos vendidos na operação, ficamos com o prêmio, R$ 1.400,00.
Supondo que PETR4 encerre o exercício cotada a R$ R$ 10,00, teríamos a seguinte situação:
Compraríamos10.000 PETR4 por R$ 19,78 = -R$ 197.800,00.
Venderíamos 10.000 PETR4 por R$ 18,78 = +R$ 187.800,00.
Prejuízo de R$ 10.000,00. Certo?
Errado! Para montar a operação, recebemos R$ 1.400,00, então o prejuízo é R$ 10.000 – R$ 1.400 = R$ 8.600.
O gráfico abaixo é a matriz de payoff da operação:

Note que o breakeven da operação é o strike da put vendida – o prêmio recebido na montagem, ou seja, R$ 19,78 – 0,14 = R$ 19,64.
A partir do momento que a cotação do papel subjacente fica abaixo do strike da put vendida, você começa a “gastar” parte do seu prêmio até o breakeven, para a partir daí ter prejuízo. No nosso exemplo, como montamos a operação com 10.000 calls, a cada R$ 0,01 “gastamos” R$ 100,00 (R$ 0,01 x 10.000).
A relação risco x retorno é vantajosa?
Mas que operação é essa? Eu recebo R$ 1.400 para montar e posso perder seis vezes isso?
Bem, nessa simulação, sim. O prejuízo poderia ser até seis vezes maior. Você define o prêmio que receberia baseado na distância entre os strikes. É um exercício que vale a pena ser feito. Esse ratio de 6 vezes pode ser diminuído.
Porém, note que neste tipo de operação a probabilidade joga ao seu favor.
Você embolsa 100% do prêmio caso:
- A ação suba
- A ação fique de lado
- A ação caia menos que 8,6% nos próximos 24 dias úteis.
Como eu defino os strikes os quais lançar?
Geralmente, eu sigo o mesmo critério descrito nesse post: Dia-a-dia do lançamento.
Depois de um suporte relevante, com o IFR esticado (<30), candles já na parte baixa das bandas de bollinger e volatilidade implícita alta. Esses são os indicadores que eu avalio para uma entrada.
Em qualquer papel? Não! Geralmente opero com PETR4 e VALE3. Já operei algumas vezes com BOVA11 mas a liquidez me desanimou.
Pontos importantes
Eu levo travas para o vencimento? Quando a opção está no pó, ao menos 5% distante, levo. Deveria levar? Não. Já me ferrei por isso? Claro!
Se você dá um azar de no dia do vencimento a ação derreter e sua opção vendida ficar ITM, ou mesmo a trava toda, prepare-se para pagar uma taxa absurda de corretagem, pois sua corretora poderá lhe cobrar tabela bovespa!
Resumindo
- Indicado para um cenário de alta ou queda controlada.
- Em momentos de alta volatilidade.
- Lucro máximo é sabido no momento da montagem da operação.
- Prejuízo máximo é estabelecido pelo investido no momento da montagem da operação.
- Breakeven: strike put – prêmio recebido.
Bom, dessa forma já abordamos no blog a trava de baixa com call e trava de alta com put, que são estratégias que eu uso frequentemente e, geralmente, tento montar as duas no mesmo exercício, para otimizar a relação risco retorno.
Como?
Vamos fazer o seguinte:
Simule uma operação parecida com as que eu coloquei nos posts de travas e veja como ficará o gráfico de payoff da operação de forma conjunta. Dê uma olhada nesse post para ter uma ideia de como ficará a operação completa.
E você? Já conhecia a operação? Opera com travas?
Parece uma boa estratégia!! Porém quando é exercido o direito, você precisa ter o capital de 200k para comprar petr4 e em seguida vender? Ou quando faz essa operação automaticamente você compra a própria put que entrou vendido?
Geralmente eu recompro pelos custos de corretagem elevados para o exercício.
Se fiz uma venda coberta e a ação subiu acima do meu strike faço uma trava de alta com put com o strike da opção vendida sendo igual ao da venda coberta. Se a ação cair, mantenho o ganho da venda coberta e ainda posso ganhar alguma coisa com a trava. Se a ação subir, adicionei o ganho da trava à operação e ainda posso usar este prêmio se quiser pagar para rolar a venda coberta. Que acha? Muito rolo? kkkkk
Desde que vc saiba o que está fazendo, é uma estratégia de rolagem. Confesso que já fiz.
peter, em caso das duas opções ficarem OTM, existe como rolar ?
ou você assume o prejuizo de R$ 8600,00
Opa! Tudo bem Danilo?
Então, se a put vendida ficar OTM, o prêmio é todo seu, não há necessidade de rolar.